ISAAC SANDES
Quem criou quem? Deus ao homem ou o homem a Deus?
O recente e triste episódio da morte de Michael Jackson nos joga na cara a enigmática e, até considerada, herética pergunta.
Lá atrás, em uma quadra perdida de sua existência, quando se tornou consciente de sua finitude, o homem passou a criar deuses. Quer seja Tupã, Javé ou Maomé.
E, nessa sua saga sobre a face de planeta, nunca deixou de viver sem um deus para dividir com ele o carregar do pesado fardo que consiste na consciência de si mesmo, na ciência da própria morte e na brevidade de sua vida.
Assim, para cada fato ou evento em que não encontrasse explicação adequada à sua pobre lógica, ele ia criando um deus ou um ídolo como espécie de conforto e projeção de si mesmo, bastando para isso apenas um agente catalisador do processo, encontrado na figura de um líder tribal ou de alguém interessado na detenção de parcela de poder.
Tal não tem sido diferente com os ídolos populares. A mídia, com seus poderosos instrumentos, se encarrega de criar astros e nós, por nosso lado, nos encarregamos de chancelar a criação de um deus.
É de se obeservar que, quando de épocas em que não existia o poder avassalador da mídia , também não existiam os deuses e ídolos advindos do mundo artístico e esportivo.
A genialidade de Mozart, de Bach, Leonardo da Vinci, de Michelangelo e tantos outros, passou por aqueles que viveram sua época, sem qualquer endeusamento ou idolatria. Ao contrário, alguns deles morreram no mais completo ostracismo e mesmo miséria financeira.
Por quê? Porque naqueles tempos não existindo a poderosa mídia essa tarefa estava afeta apenas a um setor que dominava a cena política e social. A então poderosa igreja. Era ela quem criava os ídolos e deuses de então. Levando a humanidade a uma catarse que ia das peregrinações a Jerusalém até as santas cruzadas.
Hoje, mudado apenas o centro do poder criador, temos, da mesma forma, legiões que se deslocam até Graceland e certamente se deslocarão em adoração até Neverland.
Interessante e paradoxal é que, para criarmos nossos deuses, temos que primeiro matar um homem, a exemplo do pobre Michael. Dando-se, em tese, o contrário com a suposta criação do homem que, para existir tem apenas que nascer. Ou será que, do outro lado, algum deus teve que morrer para que um homem nascesse ? Fato é que, com isto, está respondida a segunda parte de nossa pergunta, sem dúvida, o homem cria deuses. Agora, se deus cria homens, essa é uma pergunta que só poderia ser definitivamente respondida por quem acabou de ultrapassar os portais das conhecidas dimensões, ou seja, o nosso querido e recém criado Michael.
Quem criou quem? Deus ao homem ou o homem a Deus?
O recente e triste episódio da morte de Michael Jackson nos joga na cara a enigmática e, até considerada, herética pergunta.
Lá atrás, em uma quadra perdida de sua existência, quando se tornou consciente de sua finitude, o homem passou a criar deuses. Quer seja Tupã, Javé ou Maomé.
E, nessa sua saga sobre a face de planeta, nunca deixou de viver sem um deus para dividir com ele o carregar do pesado fardo que consiste na consciência de si mesmo, na ciência da própria morte e na brevidade de sua vida.
Assim, para cada fato ou evento em que não encontrasse explicação adequada à sua pobre lógica, ele ia criando um deus ou um ídolo como espécie de conforto e projeção de si mesmo, bastando para isso apenas um agente catalisador do processo, encontrado na figura de um líder tribal ou de alguém interessado na detenção de parcela de poder.
Tal não tem sido diferente com os ídolos populares. A mídia, com seus poderosos instrumentos, se encarrega de criar astros e nós, por nosso lado, nos encarregamos de chancelar a criação de um deus.
É de se obeservar que, quando de épocas em que não existia o poder avassalador da mídia , também não existiam os deuses e ídolos advindos do mundo artístico e esportivo.
A genialidade de Mozart, de Bach, Leonardo da Vinci, de Michelangelo e tantos outros, passou por aqueles que viveram sua época, sem qualquer endeusamento ou idolatria. Ao contrário, alguns deles morreram no mais completo ostracismo e mesmo miséria financeira.
Por quê? Porque naqueles tempos não existindo a poderosa mídia essa tarefa estava afeta apenas a um setor que dominava a cena política e social. A então poderosa igreja. Era ela quem criava os ídolos e deuses de então. Levando a humanidade a uma catarse que ia das peregrinações a Jerusalém até as santas cruzadas.
Hoje, mudado apenas o centro do poder criador, temos, da mesma forma, legiões que se deslocam até Graceland e certamente se deslocarão em adoração até Neverland.
Interessante e paradoxal é que, para criarmos nossos deuses, temos que primeiro matar um homem, a exemplo do pobre Michael. Dando-se, em tese, o contrário com a suposta criação do homem que, para existir tem apenas que nascer. Ou será que, do outro lado, algum deus teve que morrer para que um homem nascesse ? Fato é que, com isto, está respondida a segunda parte de nossa pergunta, sem dúvida, o homem cria deuses. Agora, se deus cria homens, essa é uma pergunta que só poderia ser definitivamente respondida por quem acabou de ultrapassar os portais das conhecidas dimensões, ou seja, o nosso querido e recém criado Michael.