ISAAC SANDES
Recebo um conto do amigo Isaac Sandes, mais irreverente e engraçado do que nunca. Nosso Nelson Rodrigues caeté tem a fleuma dos grandes cronistas do cotidiano e sabe explorar como ninguém situações inusitadas como a crise dos 50. Vale à pena conferir!
Ele era amargo como o fel que sobe à boca do condenado em sua derradeira hora. Seu espírito de tão atormentado, parecia haver sido herdado de um suicida. Sua resmungante presença tornava o ambiente em torno dele tão carregado quanto o mormaço de uma tempestade prestes a desabar.
O futuro? Ah, o futuro! Para ele, era visto como pelos olhos de um detento do holocausto.
Quando se concentrava numa queixa, não havia quem o demovesse, nem tampouco quem o fizesse ouvir assunto diverso daquele escolhido para suas lamúrias diárias. Falava, falava e não se cansava de se repetir. Os assuntos tratados ao seu redor atravessavam-lhe a cabeça como um certeiro raio e perdiam-se no imenso vazio de sua teimosia.
O ser e o ter dos outros lhe causavam pesado incômodo, e tudo o que via ou sabia deles era como alfinetadas nos seus olhos e punhaladas no seu irrequieto ego.
Ser seu amigo era para poucos. Enfrentar sua proximidade comparava-se ao bombeiro que beira o perímetro das chamas, ou ao trapezista que faz suas exibições sem redes de segurança. A qualquer momento podia-se ser chamuscado por sua língua ferina ou podia-se desabar atingido por uma disparatada opinião ou imerecedor conceito.
Apesar de tudo, amigos ele os tinha, poucos é verdade, mas verdadeiros, porque só mesmo amigos verdadeiros compreenderiam aquela atormentada alma.
Seria ele um excluído? Seria ele um dos que engrossam a horda de desempregados? Seria ele portador de doença mortal incurável?
NÃO !! Nada disto. Paradoxalmente, ele tinha um bom emprego, uma boa e equilibrada família, um futuro mais que garantido e, ao contrário dos amigos que sempre o confortavam, nunca teve a menor dificuldade financeira em sua vida.
Qual seria então a fonte secreta de desgosto e rancor que alimentava, com farto jorro, tanto mau-humor e ressentimento?
Só os poucos e próximos amigos podiam-na identificar. Seriam traumas de infância? Alguma experiência aterrorizante da adolescência? Abuso sexual na infância?
De repente a surpresa!!! Simples. Muito Simples. Toda aquela frustração, todo aquele rancor, todos os ressentimentos, tinham uma origem única e insuspeita que, repito, só os poucos e altruístas amigos podiam identificar.
ELE NUNCA HAVIA COMIDO NINGUÉM fora da sacrossanta união conjugal!
Ao se olhar no espelho, já via o passo célere do tempo o alcançar com meio século de existência, marca que julgava fatal e intransponível para o ofício da sacanagem.
Sentia seus níveis de testosterona desabarem e, nada, nada de uma comidinha extra. Tal fato o angustiava e gerava, no seu interior, tanto desespero e tanto ressentimento. Sentimentos menores da humanidade eram revolvidos no recôndito de sua alma e afloravam em jorros naquela personalidade rabugenta como sulfurosas erupções vulcânicas.
Tal conjunto de secretas frustrações deixava aos não próximos e desavisados a falsa impressão de tratar-se de pessoa má, quando em verdade não o era, era sim a incauta vítima de um pânico gerado pela frustrante e iminente sensação de que iria passar sua vida, sua irreprisável vida, virgem nos profanos domínios da sacanagem.
O futuro? Ah, o futuro! Para ele, era visto como pelos olhos de um detento do holocausto.
Quando se concentrava numa queixa, não havia quem o demovesse, nem tampouco quem o fizesse ouvir assunto diverso daquele escolhido para suas lamúrias diárias. Falava, falava e não se cansava de se repetir. Os assuntos tratados ao seu redor atravessavam-lhe a cabeça como um certeiro raio e perdiam-se no imenso vazio de sua teimosia.
O ser e o ter dos outros lhe causavam pesado incômodo, e tudo o que via ou sabia deles era como alfinetadas nos seus olhos e punhaladas no seu irrequieto ego.
Ser seu amigo era para poucos. Enfrentar sua proximidade comparava-se ao bombeiro que beira o perímetro das chamas, ou ao trapezista que faz suas exibições sem redes de segurança. A qualquer momento podia-se ser chamuscado por sua língua ferina ou podia-se desabar atingido por uma disparatada opinião ou imerecedor conceito.
Apesar de tudo, amigos ele os tinha, poucos é verdade, mas verdadeiros, porque só mesmo amigos verdadeiros compreenderiam aquela atormentada alma.
Seria ele um excluído? Seria ele um dos que engrossam a horda de desempregados? Seria ele portador de doença mortal incurável?
NÃO !! Nada disto. Paradoxalmente, ele tinha um bom emprego, uma boa e equilibrada família, um futuro mais que garantido e, ao contrário dos amigos que sempre o confortavam, nunca teve a menor dificuldade financeira em sua vida.
Qual seria então a fonte secreta de desgosto e rancor que alimentava, com farto jorro, tanto mau-humor e ressentimento?
Só os poucos e próximos amigos podiam-na identificar. Seriam traumas de infância? Alguma experiência aterrorizante da adolescência? Abuso sexual na infância?
De repente a surpresa!!! Simples. Muito Simples. Toda aquela frustração, todo aquele rancor, todos os ressentimentos, tinham uma origem única e insuspeita que, repito, só os poucos e altruístas amigos podiam identificar.
ELE NUNCA HAVIA COMIDO NINGUÉM fora da sacrossanta união conjugal!
Ao se olhar no espelho, já via o passo célere do tempo o alcançar com meio século de existência, marca que julgava fatal e intransponível para o ofício da sacanagem.
Sentia seus níveis de testosterona desabarem e, nada, nada de uma comidinha extra. Tal fato o angustiava e gerava, no seu interior, tanto desespero e tanto ressentimento. Sentimentos menores da humanidade eram revolvidos no recôndito de sua alma e afloravam em jorros naquela personalidade rabugenta como sulfurosas erupções vulcânicas.
Tal conjunto de secretas frustrações deixava aos não próximos e desavisados a falsa impressão de tratar-se de pessoa má, quando em verdade não o era, era sim a incauta vítima de um pânico gerado pela frustrante e iminente sensação de que iria passar sua vida, sua irreprisável vida, virgem nos profanos domínios da sacanagem.
Muito divertido... parabéns, Isaac! Ri demais!!! Será que existe alguém assim?
ResponderExcluirUm grande abraço.
Humberto
Prezados,
ResponderExcluirToda discussão merece um olhar para outras instituições de ensino Partes do Mercosul. No Paraguai não existe apenas a UBA. A Universidade San Carlos também oferece cursos de Mestrado e Doutorado para estudantes brasileiros. Sempre discutimos no Brasil o fato de termos vestibulares excludentes, o que significa, que há divisão de classes para ingresso em universidades brasileiras, principalmente as privadas. E como temos telentos em comunidades mais pobres que não tem nenhuma chance de cursar universidade no Brasil. Temos relatos de pessoas que ingressam em universidades públicas no Brasil com facilitadores da amizade entre aluno ingressante e orientadores universitários. Temos denúncia de pessoas que pagam valores muito altos para Mestrado e Doutorado no Brasil em universidades públicas. Qual é o pior facilitador? ter dinheiro e entrar ou participar de programas de educação no Mercosul que preferem não excluir alunos em bancas mas exigir ensino de qualidade.
No Paraguai, por exemplo, a Unioversidade San Carlos, dispões de professores altamente qualificados em metodologia científica, enquanto no Brasil, Estudantes pagam valores altos para outros construirem suas teses.
Existem no Paraguai, professores que estudam metodologia desde a graduação até o Doutorado e, hoje, são selecionados para ministrar aulas de metodologia para brasileiros. Aprendemos lá sobre metodologia mais rápido do que aprenderíamos no Brasil, haja vista, que nossos Mestres e Doutores muitas vezes tem formação deficitária, comprometendo o desenvolvimento da ciência e titulando profissionais desqualificados para a docência. Facilitar o ingresso, não significa facilitar a formação dos estudantes. Por acaso, a maioria dos estudantes brasileiros no Paraguay são professores das escolas Federais no Brasil, ou seja, são pessoas que passaram por rigoroso processo seletivo para serem efetivos no quadro do magistério das escolas Federais, portanto, o fato de estarem no Paraguay para cursarem Mestrado e Doutorado, é que tais cursos no Brasil também poderiam ser oferecidos em período de férias e com valores de acordo com a renda do povo brasileiro. São poucos os que podem pagar 1.500,00 reais mensais em uma PUC e são poucos que podem pagar até 3.000,00 reais em um livro de medicina!!!!!
Aceito o fato de revalidação dos diplomas para provar que os brasileiros que estudam no Paraguay de fato estudam, mas que há preconceito com o país, que estatisticamente ficou provado no Brasil, investe mais em educação do que nosso governo. Isso mesmo, o Paraguay investe mais em educação que o Brasil e, estamos em último lugar em educação na América Latina. Basta verificar as estatísticas e informações na mídia brasileira. Digo sim a revalidação, mas digo não a forma preconceituosa de dizerem que o Paraguay oferece cursos a distancia. Os cursos são totalmente presenciais e nos períodos de férias para os professores que só tem tempo para o estudo em julho e janeiro. Milhões de professores não tem tempo de frequentar Mestrado na USP por ser sempre manhã ou tarde ou parte da manhã e parte da tarde. Ricos podem frequentar esses cursos. Fatec Idem e PUC só com muita grana...
Evandro.