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sábado, 6 de junho de 2009

ELÉTRONS HUMANOS

ISAAC SANDES

Quem estudou um pouco de física não tem a menor dificuldade em entender a estrutura do átomo.
Prótons, nêutrons e elétrons são os componentes principais de todo e qualquer átomo.
Unidos, e formando o núcleo, estão os prótons e os nêutrons. Enquanto numa eterna e continua dança orbital, tal qual a dança das mariposas, encontram-se os elétrons.
Desnecessário explicar que os prótons tem carga positiva, os nêutrons, como o nome já diz , são neutros, enquanto os elétrons tem carga negativa.
O núcleo ganha sua força e status por aglutinar as forças positivas e a neutras em si, ou seja, deixam aos negativos elétrons o cruel destino de orbitarem indefinidamente numa dança quase escrava, dando-lhes apenas a necessária quantidade de neutrons para que não escapem causando desequilíbrio.
Tal arranjo, como fundamental na natureza, encontra seu similar na nossa sociedade como modelo de conduta de seus membros.
Temos aqueles que, como os prótons, são positivos e ocupam posições de liderança no contexto politico, econômico e social da humanidade, aqueles que, tais quais os neutrons, se anulam e não possuem vontade própria e, finalmente, aqueles que, tais quais os elétrons, são negativos e tendem a causar instabilidades se não neutralizados com oferendas balanceadoras.
Impressionante como os elétrons humanos guardam semelhança com seus similares atômicos, principalmente na esfera e no cotejo do poder.
Todos nós conhecemos aqueles elétrons humanos que nunca deixam de orbitar o núcleo do poder. Por que ? Porque com suas instabilidades e capacidades para o negativo, sempre estão a exigir daquele, a quantidade certa e corespondente de vantagens para que, não se desgarrem, e provoquem o desequilibrio da frágil equação.
Então, como nos verdadeiros átomos, tais elétrons humanos, uma vez lhes concedidas as quantidades certas de atrativos, perdem a capacidade e a força para causar possíveis desequilíbrios e instabilidades.
Assim, seja qual for o núcleo de poder, viverão eles, sempre em sua frívola órbita, tal qual mariposas em torno de um bulbo de lâmpada acesa.
Interessante nos elétrons humanos, como não poderia deixar de ser, por sua natureza falível, é que, em determinadas circunstâncias eles poderão repentinamente mudar e inverter os polos de suas forças. De um negativo constante, para um repentino e artificial positivo e, de novo, voltando para seu natural estado de ser negativo.
Tal fenômeno, acredito, impossível até na física quântica , ocorre quando os elétrons humanos se deparam com um ser que, na cadeia de comando, está em patamar inferior ao seu. Então, numa metamorfose quase monstruosa, aqueles, que até então, exerciam um papel submisso e servil, transformam-se em verdadeiros tiranetes, exercendo insuspeita arrogância e soberba sobre sua vítima, para, em seguida, ao voltarem a sentir as forças atrativas do poder, do qual são eternos tributários, retornarem à sua servil e escrava dança orbital.
Se pararmos para observar com atenção, não nos será difícil identificar um elétron humano girando nas proximidades com suas aviltantes e negativas cargas.

Isaac Sandes
26/05/09

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