Amigos,
Na postagem anterior, abordei a oferta de doutorados em universidades sul-americanas de pouca expressão científica, cujos diplomas jamais serão reconhecidos no Brasil. Recebi vários testemunhos de vítimas que se deixaram enganar por espertalhões. O fato tem deixado muitos estudantes brasileiros revoltados com as facilidades prometidas por essas instituições, sedentas em atrair os incautos. Registro abaixo o pronunciamento do Davy Sales, mestre em antropologia e aspirante a um doutorado sério, reconhecido pela CAPES/CNPQ. Vejam como é justa sua revolta contra a tentativa de banalização da pós-graduação.
Recomendo a todos a leitura do Parecer 106/2007, do Conselho Nacional de Educação:
Olá!
Sou Davy Sales, ensino sociologia e antropologia em faculdades privadas em Arapiraca. Sou bacharel em Ciências Sociais pela UFAL e mestre em Antropologia pela UFPE. Estou há pelo menos um ano revisando toda a literatura antropológica que cruza com meu interesse para desenvolver meu projeto de doutoramento. E vejo que o doutorado não é uma brincadeira, ou é uma brincadeira para poucos...
Nestas últimas semanas fiquei sem palavras quando colegas bachareis em Direito estão, assim, sem problemas, cursando um DOUTORADO em direito na UBA (Argentina).
Confesso que senti um desânimo de tantas noites não dormidas para fazer a dissertação e defendê-la a uma banca muito rigorosa de doutores. E fui aprovado.
Agora bacharéis sem tato algum para lidar com a teoria social estão desenvolvendo teses... Bom, eu não compreendo isso. Tenho dificuldades de entender que tipo de tese um bacharel em direito pode oferecer ao campo jurídico, porque não passaram por um mestrado então nem sabem o que é a pesquisa e a teoria dos seus campos.
Esses doutoramentos (tipo faça segundo grau em 48 horas) é uma desmoralização à academia brasileira. Como está bem colocado em seu blog, a pós-graduação brasileira está bem amparada por cientistas comprometidos. Agora que vejo todos eles alegres e sorridentes, indo para o doutorado argentino, fico aqui querendo entender porque quando vamos tentar o doutorado no Brasil somos testados, com provas de conhecimentos, exige-se alguma publicação em revistas acadêmicas, uma carreira razoável na academia, conhecimento teórico do campo, línguas estrangeiras e um projeto bem escrito.
Para mim, a confusão é confundir nosso doutorado com um arremedo argentino. Se o Direito não tem tradição em pesquisa acadêmica, imagine-se a qualidade de doutores de teses apressadas. Diz-se que as associações de magistrados estão fazendo acordo com universidades do mercosul, só não entendo porque esse acordo não são feitos com as universidades brasileiras. Uma pista é porque aqui estamos fabricando uma ciência de qualidade e crítica, sem espaço para o parque de diversões de bacharéis feito doutores da noite pro dia.
Agradeço sua análise sobre esse caso em seu blog e espero que os advogados atentem para a desqualificação de suas credenciais quando observarem que seu doutorado é antes um atalho contra a crítica e a ciência do campo jurídico.
Atenciosamente,
Davy.
Sou Davy Sales, ensino sociologia e antropologia em faculdades privadas em Arapiraca. Sou bacharel em Ciências Sociais pela UFAL e mestre em Antropologia pela UFPE. Estou há pelo menos um ano revisando toda a literatura antropológica que cruza com meu interesse para desenvolver meu projeto de doutoramento. E vejo que o doutorado não é uma brincadeira, ou é uma brincadeira para poucos...
Nestas últimas semanas fiquei sem palavras quando colegas bachareis em Direito estão, assim, sem problemas, cursando um DOUTORADO em direito na UBA (Argentina).
Confesso que senti um desânimo de tantas noites não dormidas para fazer a dissertação e defendê-la a uma banca muito rigorosa de doutores. E fui aprovado.
Agora bacharéis sem tato algum para lidar com a teoria social estão desenvolvendo teses... Bom, eu não compreendo isso. Tenho dificuldades de entender que tipo de tese um bacharel em direito pode oferecer ao campo jurídico, porque não passaram por um mestrado então nem sabem o que é a pesquisa e a teoria dos seus campos.
Esses doutoramentos (tipo faça segundo grau em 48 horas) é uma desmoralização à academia brasileira. Como está bem colocado em seu blog, a pós-graduação brasileira está bem amparada por cientistas comprometidos. Agora que vejo todos eles alegres e sorridentes, indo para o doutorado argentino, fico aqui querendo entender porque quando vamos tentar o doutorado no Brasil somos testados, com provas de conhecimentos, exige-se alguma publicação em revistas acadêmicas, uma carreira razoável na academia, conhecimento teórico do campo, línguas estrangeiras e um projeto bem escrito.
Para mim, a confusão é confundir nosso doutorado com um arremedo argentino. Se o Direito não tem tradição em pesquisa acadêmica, imagine-se a qualidade de doutores de teses apressadas. Diz-se que as associações de magistrados estão fazendo acordo com universidades do mercosul, só não entendo porque esse acordo não são feitos com as universidades brasileiras. Uma pista é porque aqui estamos fabricando uma ciência de qualidade e crítica, sem espaço para o parque de diversões de bacharéis feito doutores da noite pro dia.
Agradeço sua análise sobre esse caso em seu blog e espero que os advogados atentem para a desqualificação de suas credenciais quando observarem que seu doutorado é antes um atalho contra a crítica e a ciência do campo jurídico.
Atenciosamente,
Davy.