GEORGE SARMENTO
Cotidiano, de Chico Buarque de Holanda, é um clássico da música popular brasileira que fez muito sucesso nos anos 70 pela mensagem subliminar de inconformismo com a sufocante rotina de alguns casais. A narrativa não poderia ser mais clara: “todo dia ela faz tudo sempre igual”. E por aí segue com a descrição dos atos repetitivos, previsíveis e entediantes de sua mulher. O paradoxal é que o tédio do personagem não é provocado pela indiferença da fêmea, mas por um conjunto de manifestações de afeto que ela lhe dirige, possivelmente para manter acesa a chama do amor.
Quase sempre a palavra cotidiano tem uma conotação negativa, estagnante. Geralmente é usada para descrever a acomodação das pessoas a hábitos adquiridos pela repetição mecânica ou inconsciente. Funciona como o escudo protetor daqueles que não querem deixar a zona de conforto para enfrentar os riscos de uma jornada incerta e inusitada. Representa o lado estático da existência humana, a sensação de segurança que experimentamos ao percorrer caminhos conhecidos que nos levam ao destino esperado, sem surpresas ou sobressaltos.
Há pessoas que não quebram sua rotina por nada nesse mundo. Traçam uma rota para as suas existências e se recusam a tomar atalhos, arriscar novas trilhas, mergulhar no desconhecido. Qualquer desvio é motivo para inseguranças, temores, pânico. Acreditam ser possível proteger-se das incertezas cada vez mais presentes na sociedade contemporânea, tão complexa e fluida. São vagões que jamais saem dos trilhos.
Muitas vezes é preciso que um acontecimento trágico nos desperte para a beleza da vida. Para as experiências maravilhosas que podemos experimentar se tivermos coragem de mudar de atitude, de vermos as coisas sob outra perspectiva. Somos obrigados a conviver com perdas. Essa é a lei da existência. Minha mãe partiu prematuramente aos 50 anos de idade, vítima de um derrame cerebral fulminante, deixando para trás os filhos, a música e a literatura que tanto amava. Meu pai foi arrancado da vida por um acidente automobilístico brutal, no auge de sua carreira profissional – ainda cheio de sonhos e energia. Agora mesmo meu tio Mendonça Neto luta bravamente contra um câncer com a mesma coragem com que combateu a corrupção e os desmandos de uma elite parasita que há séculos dilapida impiedosamente o Estado de Alagoas.
Quase sempre a palavra cotidiano tem uma conotação negativa, estagnante. Geralmente é usada para descrever a acomodação das pessoas a hábitos adquiridos pela repetição mecânica ou inconsciente. Funciona como o escudo protetor daqueles que não querem deixar a zona de conforto para enfrentar os riscos de uma jornada incerta e inusitada. Representa o lado estático da existência humana, a sensação de segurança que experimentamos ao percorrer caminhos conhecidos que nos levam ao destino esperado, sem surpresas ou sobressaltos.
Há pessoas que não quebram sua rotina por nada nesse mundo. Traçam uma rota para as suas existências e se recusam a tomar atalhos, arriscar novas trilhas, mergulhar no desconhecido. Qualquer desvio é motivo para inseguranças, temores, pânico. Acreditam ser possível proteger-se das incertezas cada vez mais presentes na sociedade contemporânea, tão complexa e fluida. São vagões que jamais saem dos trilhos.
Muitas vezes é preciso que um acontecimento trágico nos desperte para a beleza da vida. Para as experiências maravilhosas que podemos experimentar se tivermos coragem de mudar de atitude, de vermos as coisas sob outra perspectiva. Somos obrigados a conviver com perdas. Essa é a lei da existência. Minha mãe partiu prematuramente aos 50 anos de idade, vítima de um derrame cerebral fulminante, deixando para trás os filhos, a música e a literatura que tanto amava. Meu pai foi arrancado da vida por um acidente automobilístico brutal, no auge de sua carreira profissional – ainda cheio de sonhos e energia. Agora mesmo meu tio Mendonça Neto luta bravamente contra um câncer com a mesma coragem com que combateu a corrupção e os desmandos de uma elite parasita que há séculos dilapida impiedosamente o Estado de Alagoas.
Nenhum desses acontecimentos poderia ser previsto por mim ou por quem quer que seja. O importante é que essas fatalidades não me tornaram um pessimista, invejoso ou descrente. Antes um otimista, como o Cândido, de Voltaire. Sou uma pessoa comum. Tenho virtudes e defeitos. Mas a cada dia reforça em mim a convicção de que é preciso evoluir moral e espiritualmente. Luto muito contra a dificuldade de dizer não, o injustificado sentimento de culpa e o altruismo exagerado que insiste em reconhecer o direito dos outros em detrimento dos meus. Enfim, nada que não possa ser superado através de reflexões racionais e objetivas.
Há pessoas que simplesmente são incapazes de resistir às frustrações de expectativas. Não percebem que a vida tem várias portas e muitas delas podem nos trazer felicidade. Simplesmente não sabem lidar com a transitoriedade das coisas. Apegam-se a ilusões como o poder, a bajulação, os bens materiais, a notoriedade, mas não se preparam para as adversidades que todas as mudanças proporcionam. Não sabem enfrentar o ostracismo, a solidão, o esquecimento e a ingratidão. Fujo desse estigma e me recuso a assumir a condição de vítima de quem quer que seja.
Em pleno século XIX, Baudelaire já afirmava que a modernidade é o transitório, o efêmero e o contigente. Nada é permanente, sólido, imutável. A vida não pode se cristalizar em hábitos que produzem a falsa sensação de segurança. As nossas certezas viraram pó. O que hoje é novidade, amanhã será obsoleto. Os castelos inespugnáveis podem se transformar num amontoado de grãos de areia.
Há pessoas que simplesmente são incapazes de resistir às frustrações de expectativas. Não percebem que a vida tem várias portas e muitas delas podem nos trazer felicidade. Simplesmente não sabem lidar com a transitoriedade das coisas. Apegam-se a ilusões como o poder, a bajulação, os bens materiais, a notoriedade, mas não se preparam para as adversidades que todas as mudanças proporcionam. Não sabem enfrentar o ostracismo, a solidão, o esquecimento e a ingratidão. Fujo desse estigma e me recuso a assumir a condição de vítima de quem quer que seja.
Em pleno século XIX, Baudelaire já afirmava que a modernidade é o transitório, o efêmero e o contigente. Nada é permanente, sólido, imutável. A vida não pode se cristalizar em hábitos que produzem a falsa sensação de segurança. As nossas certezas viraram pó. O que hoje é novidade, amanhã será obsoleto. Os castelos inespugnáveis podem se transformar num amontoado de grãos de areia.
Eis o que eu queria dizer: O COTIDIANO TEM DE ESTAR EM PERMANENTE MOVIMENTO! Nada impede que a rotina modorrenta possa se transformar na exploração do novo, do desconhecido e do belo. Como adotar um novo paradigma para as nossas vidas? Uma amiga muito querida costuma dizer que “a criatividade é infinita”. Ela tem razão. Não há respostas prontas. Cada um tem o seu ritmo e intuição, a voz interior que insiste em nos lançar no labirinto desse mistério que se chama vida.
Feliz 2010!
Caro George,
ResponderExcluircomo pessoa amiga tbm,deixo aqui a introdução de uma canção que veio à mente. ao ler esse seu texto perfeito para 2010!
"I never take anything for granted
Only a fool maybe takes things for granted
Just because it's here today, it can be gone tomorrow "
Don't go changing, trying to please me [...]
Feliz 2010 com muito movimento e boas mudanças pra todos!
como Maceioense que sou, utilizo o calçadão da orla (pajuçara, ponta verde, jatiuca) com o mesmo fim terapêutico: meditar.
ResponderExcluirtem tanta gente agora em janeiro que tá difícil flanar no horário em que frequento.
Baudelaire já dizia que "era necessários embriagai-vos! Embriagai-vos sem cessar! De vinho, de poesia ou de virtude, como achardes melhor". Acho que olhar a vida com paixão é uma das melhores maneiras de perceber o cotidiano em movimento. É se embriagar com a vida, sentindo o gosto que ela tem a cada alto, cada baixo, cada lágrima, cada sorriso. Muito bom o texto do senhor.
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