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sexta-feira, 7 de agosto de 2009

MURRO EM PONTA DE FACA

GEORGE SARMENTO
Há um ditado popular que detesto: “não se deve dar murro em ponta de faca”.
Muitas pessoas se jactam em defender essa visão derrotista como verdade absoluta. No fundo, querem mesmo é justificar sua postura resignada e passiva diante dos desafios da vida.
A humanidade está dividida em duas categorias: os céticos e os sonhadores.
Os céticos acreditam na imutabilidade das coisas, na inutilidade das ideologias, na irrelevância dos sonhos. Detestam correr riscos. Estão mais preocupados em preservar as suas zonas de conforto do que em se arriscar a perder os espaços já conquistados. São mariposas sociais, que gravitam em torno de quem tem o poder. Mas não se enganem: quando a luz apagar, batem asas e, rapidinho, procuram outro ponto luminoso.
Os sonhadores são guiados por uma luz interior fortíssima que os faz acreditar nas utopias, nas transformações sociais, na possibilidade de ser feliz. Não se deixam vencer pelo pessimismo, pelo desencanto ou pela apatia. Estão à frente de seu tempo e, muitas vezes, são incompreendidos, marginalizados ou ridicularizados pelos "idiotas da objetividade", para usar a expressão de Nelson Rodrigues.
Mas o que seria de nós se Ícaro fosse um cético? Se Thomas Edison se conformasse com a escuridão? Imaginem se os irmãos Lumière tivessem desistido de captar as imagens em tempo real! E se Pasteur pensasse que os germes eram invencíveis? Mas havia entre eles uma coisa em comum: coragem de ensanguentar as mãos nas facas da ignorância e do obscurantismo.

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