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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

ELIOT NESS TUPINIQUIM X LEUSINGER



O amigo Isaac Sandes tem se mostrado um grande entusiasta deste blog. Mais do que isso, sempre que pode colabora escrevendo textos, sempre irreverentes e cheios de humor. Fico muito feliz em democratizar este espaço publicando colaborações daqueles que querem participar dos debates de temas cruciais para o desenvolvimento do Estado de Alagoas. Suas opiniões contribuem para o aperfeiçoamento das instituições e para a efetividade de nosso texto constitucional.

Segue mais um texto do Isaac.

Boa leitura!

ELLIOT NESS TUPINIQUIM X LEUSINGER

Ubaldo, o Paranóico

Leusinger era um espirituoso proprietário de hotel na Santana do Ipanema nos idos 60. Por coincidência, localizado bem em frente a recente e emergente Agência local do Banco do Brasil.
Como bom sertanejo, temperado nas agruras da terra inóspita e esturricada pelas frequentes secas, Leusinger era o que se poderia chamar de legítimo “pão duro”. Valorizava cada suado centavo que adquiria no difícil ramo da hotelaria de interior.
Tanto assim que, sem querer, inaugurou, naqueles longíquos tempos, uma prática que, modernamente, é festejada e chamada de consciência ecológica. Simples. Para economizar a cara e preciosa água que utilizava em seu Hotel, Leusinger inventou e pôs em prática a hoje, tão ecologicamente correta, prática da reciclagem, ou seja, toda água servida no hotel era colhida no final de sua utilização, retratada e finalmente reutilizada em banheiros e descargas.
De tanto economizar e de tanto criar soluções rentáveis, nosso Tio Pardal sertanejo terminou por fazer um invejável pé de meia. E como todos sabem, quem faz uma boa reserva financeira em plagas tão adversas, passa, imediatamente, a ser alvo de inveja e cobiça daqueles indolentes que nada plantam e nada colhem.
Assim, certo dia, um conhecido foi sorrateiramente se chegando e entabulando uma conversa para a qual Leusinger não tinha a menor predisposição. O amigo tanto fez e tanto cercou que finalmente, disparou: "Cumpadre Leusinger, me empresta dez contos de réis!"
Pego de surpresa, Leusinger teve tempo apenas de coçar a cabeça, enquanto entabulava uma saída que não melindrasse o velho amigo e cumpadre meritório.
Vendo a surpresa do velho hoteleiro, o amigo pensou: “Lasquei-lho.!!! Ele agora num tem saida.”.
Mas Leusinger, de raciocínio privilegiado e espirituoso, disparou: “ Cumpadre, não vejo mal nenhum em lhe emprestar tal dinheiro. Veja bem ! Até estou com esse dinheiro aqui no bolso". Então arrastou um volumoso e desgrenhado maço. Vendo aquilo, o amigo que já fazia contas em que farras iria gastar tal quantia, arregalou os olhos e disse com seus botões: “É AGORA !!”.
Então Leusinger disparou: “ Cumpadre, cê tá vendo o Banco do Brasil ali em frente ?".
- Tô cumpadre, tô vendo sim!
-Pois bem. Prá o bem de todos nós, eu assinei um contrato com o seu gerente garantindo que, nem ele hospeda ninguém lá no Banco, nem eu empresto dinheiro aqui no Hotel !
Daquele dia em diante, ninguém, mas ninguém mesmo, ousou abordar Leusinger em busca de empréstimo.

Mutatis mutandi, nosso Estado está vivendo uma situação quase semelhante entre suas instituições. Falo do recente episódio em que nosso Elliot Ness Tupiniquim, ora na Superintendência local da Polícia Federal. Através de um blog local, quase impôs ao nosso Governador que nome escolher para o cargo de Procurador-Geral de Justiça.
Tal qual Leusinger, o Governador, educado e polido como é, deverá dizer ao nosso pequeno Elliot que poderia até aceitar o seu palpite, mostrando-lhe, inclusive, a caneta que assinaria o ato, mas que, infelizmente para ele, firmou um compromisso com uma tal senhora chamada Constituição, que reza: "Nem o Governador indiciará ou prenderá ninguém no Palácio, nem o Superintendente da Polícia Federal governará o Estado a partir de Jaraguá. Pondo fim, assim, a qualquer pretensão de ingerência externa em sua administração.