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sábado, 6 de junho de 2009

DIA DO MEIO AMBIENTE: NÃO PLANTE UMA ÁRVORE, DENUNCIE A OMISSÃO DAS AUTORIDADES

GEORGE SARMENTO

Sexta-feira, 5 de junho de 2009. Alagoas prepara-se para comemorar o Dia do Meio Ambiente. Os principais jornais estampam imagens do governador e do prefeito de Maceió fazendo exatamente a mesma coisa: plantando mudas de árvores sob a mira de fotógrafos e câmeras de televisão. A falta de criatividade traz consigo o entediante sentimento de déjà vu.

Em tempos de indiferença e alienação política, plantar uma árvore é um feito tão revolucionário quanto a derrubada da Bastilha ou a tomada da Sierra Maestra. Se você quiser ser politicamente correto, já sabe o que fazer: passe no IBAMA, pegue uma mudinha, chame um bando de fotógrafos, cave um buraquinho no chão com ar solene e contrito. Coloque-a na vala e, com as mãos nuas, tape tudo. Pronto! Seguramente você vai ocupar um generoso espaço nos meios de comunicação local. Com sorte poderá até mesmo ser comparado a Chico Mendes, Burle Marx ou Lutzemberg, verdadeiros ícones do ecologismo brasileiro.

O movimento ambientalista passa por uma crise sem precedentes. As vozes mais respeitadas são ignoradas ou abafadas pela mídia. Os militantes mais aguerridos são estigmatizados como ecochatos, jurássicos ou bichos-grilo. Tudo fazem para desacreditar aqueles que lutam brava e intransigentemente para que as leis ambientais sejam respeitadas no país. Por outro lado, ONGs controladas por espertalhões e carreiristas recebem generosos recursos públicos para fazer de conta que estão ajudando a construir um meio ambiente ecologicamente equilibrado. Isso sem falar nos partidos políticos que faturam alto com a retórica ecológica.

No início da década de 90, fui nomeado para o Núcleo de Defesa do Meio Ambiente do Ministério Público. Trabalhar com direito ambiental era algo exótico e completamente estranho aos embates jurídicos. Ao lado dos promotores de justiça Uayrandir Tenório e Sandra Malta, protagonizei a primeira grande ação ambiental de Alagoas. Recebi a denúncia do então presidente do Sindicato dos Químicos de Alagoas, Tácito Yuri, de que operários da ALCLOR tinham ingerido água retirada dos poços da empresa e, horas depois, foram internados com fortes dores e sintomas de intoxicação. Imediatamente iniciamos as investigações e descobrimos que um dos tanques que armazenava resíduos líquidos de organoclorados rompera-se, causando grande poluição no lençol freático do tabuleiro de Marechal Deodoro, podendo atingir a nascente do rio dos remédios e, conseqüentemente, a Lagoa Mundaú. Bastou uma breve análise laboratorial para que soubéssemos que o produto era cancerígeno e poderia ser letal em um simples copo d’água ou em um delicioso prato de sururu.

A população entrou em pânico e, por um bom tempo, deixou de consumir os frutos da lagoa. Agimos com rigor. Todas as denúncias foram apuradas. Enfrentamos seguranças armados quando decidimos entrar à força no local do crime ambiental. Em outra ocasião, quase fui às vias de fato com o presidente da empresa quando tentou desrespeitar a promotora Sandra Prata que tomava o seu depoimento no inquérito civil. Resistimos bravamente às fortíssimas ingerências políticas para nos retirar das investigações. Fomos até o fim e apresentamos os culpados à justiça. A empresa foi obrigada a fechar as suas portas e recebeu uma pesada condenação: cerca de 3 milhões de dólares para despoluir o lençol freático com o usando tecnologia de última geração.

O Caso ALCLOR foi um marco para a luta ambiental em Alagoas. A partir dele a sociedade civil sentiu-se encorajada a denunciar as grandes empresas que, até então, tinham salvo conduto para poluir. Nosso pequeno grupo também atuou em casos de desmatamento, loteamentos clandestinos, queimadas, poluição dos rios e privatização de áreas públicas. Rompemos com a concepção elitista de que a pobreza produz poluição e demonstramos que ela é produto do descaso dos governos com a execução de políticas públicas em áreas vitais como saneamento, habitação e ocupação do solo urbano.

Passados quase 20 anos vejo que pouca coisa mudou. Os problemas crônicos ficaram mais crônicos, sem qualquer perspectiva de solução. Vejam por exemplo o riacho Salgadinho. Um esgoto a céu aberto que corta a cidade de Maceió, passa na porta do Ministério Público e deságua em uma de suas principais praias, deixando atrás de si uma fedentina insuportável. A língua negra tem afugentado turistas e causado grandes prejuízos ao turismo local. Milhares de reais do Governo Federal foram desviados sem que ninguém fosse punido. Não custa nada lembrar o apoteótico banho da prefeita Kátia Born na foz do riacho, numa eloquente demonstração de desrespeito pela opinião pública.

E há outros casos paradigmáticos, como as fraudes na execução da macrodrenagem do Tabuleiro do Martins, o lixão de Maceió, a urbanização da orla lagunar. Agora mesmo os moradores da região norte estão em polvorosa com as licenças concedidas pela Prefeitura de Maceió para a construção de espigões de trinta andares à beira-mar, numa área desprovida de saneamento e urbanização. Além de pagar o IPTU mais caro da cidade, os habitantes são vítimas do total abandono por uma razão muito simples: ousaram contestar a decisão do prefeito de instalar um aterro sanitário a 300 metros da praia! Uma heresia imperdoável.

Os criminosos ambientais agem impunemente em Alagoas. Existe um verdadeiro manto de proteção estatal aos grandes empresários. Há 4 anos, o promotor Maurício Pitta denunciou criminalmente um poderoso usineiro por crime de desmatamento de considerável área da mata atlântica. O réu não foi sequer citado por não ser jamais encontrado em seu domicílio, embora seja visto diariamente circulando, lépido e fagueiro, nos restaurantes mais badalados da cidade sem ser importunado pelos diligentes oficiais de justiça.

O dia do meio ambiente foi marcado por dois episódios bem ilustrativos do péssimo nível do debate ecológico que se trava em nosso país. No plano político, empresários e ruralistas se uniram para pedir a cabeça do ministro Carlos Minc, acusado de atravancar o desenvolvimento brasileiro ao exigir o cumprimento da lei. Os detratores entendem que ele deveria fechar os olhos para a grilagem de terras públicas - talvez ocupar o seu tempo plantando mudinhas por aí. O outro foi a bizarra campanha da SOS Mata Atlântica para economizar a água doce do planeta: fazer xixi durante banho de chuveiro. Abolir a descarga seria a fórmula mágica para acabar com o problema da escassez. Falta inventar mais alguma coisa?

Comemorar o dia do meio ambiente significa romper com as soluções simplistas de nossos governantes e começar a enfrentar os grandes problemas que afetam a qualidade de vida da população. Ao invés de plantar uma mudinha ou sair com um saquinho plástico limpando a praia, devemos exercer corajosamente a cidadania sem nos deixar enganar pela propaganda oficial que procura reduzir a questão ecológica a atitudes simbólicas com o claro objetivo de encobrir o monstro da poluição que emerge do setor industrial. Que tal aproveitar a ocasião para denunciar a omissão do poder público?

ELÉTRONS HUMANOS

ISAAC SANDES

Quem estudou um pouco de física não tem a menor dificuldade em entender a estrutura do átomo.
Prótons, nêutrons e elétrons são os componentes principais de todo e qualquer átomo.
Unidos, e formando o núcleo, estão os prótons e os nêutrons. Enquanto numa eterna e continua dança orbital, tal qual a dança das mariposas, encontram-se os elétrons.
Desnecessário explicar que os prótons tem carga positiva, os nêutrons, como o nome já diz , são neutros, enquanto os elétrons tem carga negativa.
O núcleo ganha sua força e status por aglutinar as forças positivas e a neutras em si, ou seja, deixam aos negativos elétrons o cruel destino de orbitarem indefinidamente numa dança quase escrava, dando-lhes apenas a necessária quantidade de neutrons para que não escapem causando desequilíbrio.
Tal arranjo, como fundamental na natureza, encontra seu similar na nossa sociedade como modelo de conduta de seus membros.
Temos aqueles que, como os prótons, são positivos e ocupam posições de liderança no contexto politico, econômico e social da humanidade, aqueles que, tais quais os neutrons, se anulam e não possuem vontade própria e, finalmente, aqueles que, tais quais os elétrons, são negativos e tendem a causar instabilidades se não neutralizados com oferendas balanceadoras.
Impressionante como os elétrons humanos guardam semelhança com seus similares atômicos, principalmente na esfera e no cotejo do poder.
Todos nós conhecemos aqueles elétrons humanos que nunca deixam de orbitar o núcleo do poder. Por que ? Porque com suas instabilidades e capacidades para o negativo, sempre estão a exigir daquele, a quantidade certa e corespondente de vantagens para que, não se desgarrem, e provoquem o desequilibrio da frágil equação.
Então, como nos verdadeiros átomos, tais elétrons humanos, uma vez lhes concedidas as quantidades certas de atrativos, perdem a capacidade e a força para causar possíveis desequilíbrios e instabilidades.
Assim, seja qual for o núcleo de poder, viverão eles, sempre em sua frívola órbita, tal qual mariposas em torno de um bulbo de lâmpada acesa.
Interessante nos elétrons humanos, como não poderia deixar de ser, por sua natureza falível, é que, em determinadas circunstâncias eles poderão repentinamente mudar e inverter os polos de suas forças. De um negativo constante, para um repentino e artificial positivo e, de novo, voltando para seu natural estado de ser negativo.
Tal fenômeno, acredito, impossível até na física quântica , ocorre quando os elétrons humanos se deparam com um ser que, na cadeia de comando, está em patamar inferior ao seu. Então, numa metamorfose quase monstruosa, aqueles, que até então, exerciam um papel submisso e servil, transformam-se em verdadeiros tiranetes, exercendo insuspeita arrogância e soberba sobre sua vítima, para, em seguida, ao voltarem a sentir as forças atrativas do poder, do qual são eternos tributários, retornarem à sua servil e escrava dança orbital.
Se pararmos para observar com atenção, não nos será difícil identificar um elétron humano girando nas proximidades com suas aviltantes e negativas cargas.

Isaac Sandes
26/05/09

segunda-feira, 1 de junho de 2009

ALGUMAS HISTÓRIAS OU ESTÓRIAS (?) SOBRE CARLOTA JOAQUINA - PARTE 1

NILO SÉRGIO PINHEIRO
Conselheiro Perpétuo da Casa do Penedo
Advogado e historiador

Nenhuma mulher até começo do século XIX, nem mesmo uma prostituta estabelecida em um bordel de alta classe, teve a ousadia de superar dona Carlota Joaquina na arte do relacionamento sexual excessivo. Durante a sua permanência no Brasil ela escandalizou o Rio de Janeiro de uma maneira pavorosa e exagerada para os pobres padrões da época.

Sexo era a sua primeira necessidade. E o que era pior, poderia ter sempre os homens que desejasse. A sua compulsão tinha um exagero que ninguém na época podia explicar ou mesmo compreender. Para ela sexo era de uma importância tão crucial que ficava doente quando não tinha alguém para aplacar a fúria de seu apetite descomunal. Isso ela transferiu sem dúvida para o seu primogênito, Dom Pedro I. Não se importava com a quantidade de homens que poderia ter, mas a virilidade de alguém que pudesse contentar a sua tenebrosa ânsia sexual.

Quando se via obrigada a manter relações com alguns homens que escolhia a dedo, procurava sempre saber qual deles realmente tinha o poder de fazê-la chegar ao extremo prazer. Ninfomaníaca, tinha orgasmos sucessivos e apavorantes, chegando mesmo a morder violentamente seus parceiros, tirando sangue com suas dentadas bastante doloridas. Certa vez, no Rio, mordeu tanto um escravo diferenciado que este morreu dias depois de septicemia. Por causa disso procurou controlar os seus excessos convulsivos, tornando-se menos agressiva, ganhando sobremaneira com isso.

Quando chegou ao Rio, em 1808, dona Carlota se surpreendeu enormemente com os homens brasileiros, incluindo os escravos e libertos. Desesperada durante toda viagem transatlântica, a rainha portuguesa, de origem espanhola, amaldiçoava Dom João VI por ter aceitado a imposição da Inglaterra que queria a qualquer custo, que eles viessem para o Brasil. Ela queria mesmo era ter ido para Londres onde poderia estabelecer suas orgias com os anglos saxônicos. Não que Dom João VI não quisesse ir também para a Inglaterra.

O quinto dos infernos, como era conhecido o Brasil em Portugal, “era uma terra selvagem e sem a menor possibilidade que ali pudesse viver uma vida igual a das cortes européias”. Carlota Joaquina estava tão revoltada que até pensou em suicídio. Durante toda a viagem, ela teve que se submeter a contragosto a uma quarentena de abstinência sexual, já que o espaço superlotado do navio não dava para dar as suas escapulidas rotineiras. Havia muito tempo que ela não mantinha relações sexuais com Dom João, que, bastante amargurado com a constante infidelidade da mulher, praticamente deixou de procurá-la.

Carlota sempre achou que seu marido não era homem para aplacar a sua fúria sexual. E dom João não era mesmo. A verdade nisso tudo é que a maior parte dos filhos oficiais de ambos não era de Dom João VI. Filho dos dois, e coisa comprovada, era Dom Pedro I, que, moreno, era o único parecido com o rei.

Após a longa e tenebrosa travessia – com toda tipo de desagradáveis situações -, eis que a comitiva chega ao Rio de Janeiro. Carlota e dom João se estabeleceram na quinta da Boa Vista indo os demais acompanhantes se alojarem nos variados sobrados onde os antigos donos foram obrigados a deixá-los por imposição real. Dois dias após a chegada, Carlota quis conhecer as redondezas da cidade, indo também conhecer as exuberantes matas tropicais. Conta que nesse mesmo dia, ela teria começado no Brasil a sua carreira como devoradora de homens.

Por onde passou escolhia alguns homens que achava interessante, obrigando-os a acompanhar a comitiva imperial. Num determinado local, à beira da hoje lagoa Rodrigo de Freitas, ela mandou armar um alpendre. E sob o sigilo de morte para a sua guarda pessoal ela começou a provar a sexualidade do homem brasileiro. Papou seis em menos de duas horas. O último a ser devorado, um mulato de nome Luiz Ernesto Prazeres, era um garanhão ainda donzelo, mas que fez dona Carlota gritar de prazer.