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sábado, 25 de julho de 2009

FATOS E EVENTOS

GEORGE SARMENTO
Aprendi com Pontes de Miranda que a vida é uma sucessão de fatos e eventos que se desenvolvem na dimensão tempo-espaço. Essa definição tem tudo a ver com um aquariano que insiste em ser utópico e está sempre envolvido com novos projetos, muitos dos quais jamais serão realizados. Alguns dizem que sou desligado, esquecido, dispersivo, sonhador. Será? O que pode parecer insensato para uns, é super normal para outros. O que detesto mesmo é a rotina inflexível, a monotonia da repetição, a previsibilidade de atitudes. Além do mais há uma certa coerência no caos.
Você pode estar no epicentro dos acontecimentos ou simplesmente ser testemunha deles. Pode escolher entre ser protagonista ou coadjuvante de sua própria vida. A decisão é sua. Quando Rousseau fugiu do internato, livrou-se do autoritarismo e de toda opressão que imperava naquele ambiente inóspito. Ao tomar a decisão, não tinha dinheiro, abrigo ou qualquer perspectiva de estabilidade. Era apenas um adolescente ousado. Mesmo assim sentiu o coração pleno de felicidade. Descobrira o mais precioso de todos os direitos: a liberdade. Mais tarde descreveu em suas Confissões o prazer que sentira naquele momento, com uma bela frase: "Pour la première fois dans ma vie j'étais libre e maître de moi même" (pela primeira vez em minha vida eu era livre e senhor de mim mesmo). Demais, não? E pensar que tantas pessoas vivem sob o jugo financeiro ou emocional de outras, sem jamais sentir o sabor da liberdade...
Acho bem legal quando várias coisas acontecem ao mesmo tempo. A gente sente a vida pulsar, sai do marasmo, da mesmice, da estagnação. A vida é movimento, ação, múltiplos interesses. Muitos acreditam que, quando um rio caudaloso se divide em vários afluentes, perde a força e pode, até mesmo, transformar-se num prosáico regato. Quando se trata da condução da locomotiva da vida, quanto mais caminhos trilharmos mais fortes ficaremos, tanto física como espiritualmente.
Os esotéricos juram de pés juntos que estamos na Era de Aquário. Se é verdade, todos devem absorver por osmose algumas características desse signo. Imaginem um mundo povoado apenas por aquarianos, estranhos seres que vivem no futuro e tentam tocar as nuvens com a ponta dos dedos! Garanto que algumas coisas até seriam boas: não teríamos inveja, não guardaríamos rancores, não alimentaríamos ódio no coração, saberíamos perdoar. Construiríamos uma nova civilização, um mundo harmônico, pleno de amor com compreensão. Vou parar por aqui para não parecer promessa de político em campanha eleitoral.
Andei ausente do blog. Confesso que fui atropelado pelos fatos que se sucederam nos últimos dias numa velocidade alucinante. E a dimensão tempo foi tão curta... Tanta coisa aconteceu – a finalização de um livro a ser lançado na bienal, a candidatura ao Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas, a viagem a Florianópolis para participar de banca examinadora na UFSC, o curso para magistrados e servidores da Justiça Federal, a organização do Ano da França no Brasil... Sem contar os dilemas existenciais, que roubam o tempo e consomem muita energia.
Ufa! Foi demais para um aquariano comum, que tem aversão a jornadas de trabalho muito longas. Ainda bem que tenho o Isaac Sandes, amigo que também é um implacável retratista de personagens incomuns, bizarros, folclóricos que povoam o nosso cotidiano. Tenho certeza que os leitores deram boas gargalhadas dos seus deliciosos textos de fina ironia e muito bom humor. Afinal, quem não conhece um valorizador? Ou um canalha? Ou uma foquinha? Na minha ausência Isaac não deixou a peteca cair e manteve o blog animado e interessante.
Agradeço os 1200 acessos e prometo que os próximos dias serão bem divertidos, com muita conversa jogada fora e (es)histórias para contar.
George