FETICHE
Aquele
cliente sempre intrigara a vendedora de lingeries. Ainda jovem, impecavelmente
vestido, ocupava um elevado cargo na magistratura. O porte imponente inspirava
respeito, decência. A voz suave,
aliciante. Mas tinha um modus operandi particular: todas as semanas ia à loja e
pedia três peças íntimas do mesmo modelo e cor. Naquele
dia não foi diferente:
–
Três calcinhas vermelhas, bem provocantes.
A
vendedora não conteve a curiosidade:
–
Por que o senhor não escolhe cores diferentes? Sua esposa vai adorar.
Ele
piscou o olho e disse em voz baixa:
–
Na verdade ela ama os presentes, diz que tenho bom gosto e veste as peças em
ocasiões bem especiais, se é que me entende.
–
?
–
Mas também tenho duas amantes – disse com uma voz grave, recostando-se no
balcão. – Uma não tem conhecimento da outra. Esse clima de mistério, a
atmosfera de clandestinidade, o medo de ser descoberto, tudo me excita.
Percebendo
o embaraço da moça, continuou:
–
Você não pode imaginar o prazer que sinto quando elas vestem as lingeries e se sentem únicas
em meus braços...
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