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sexta-feira, 17 de julho de 2020



INFARTO

O corpo do velho moralista jazia nu na cama daquele quarto sufocante, na pensão fétida de rodoviária, frequentada por malandros, prostitutas e desiludidos.

O filho é chamado para as providências de praxe. Observa as paredes sujas, a toalha encardida, as roupas pelo chão. Presa a um fio improvisado, a luz vermelha balançava preguiçosamente, insinuando uma atmosfera lúgubre, decadente.

A esposa não poderia ser informada das circunstâncias em que o marido fora encontrado. Não suportaria o escândalo. Morreria de desgosto.

Envolvida no lençol encardido, a moça pálida e esquelética soluçava:

– Não tive culpa, moço. Seu pai morreu dum gosto.

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