INFARTO
O corpo do velho moralista jazia nu na
cama daquele quarto sufocante, na pensão fétida de rodoviária, frequentada por malandros, prostitutas e desiludidos.
O filho é chamado para as providências de praxe. Observa as paredes sujas, a toalha encardida, as roupas pelo chão. Presa a um fio improvisado, a luz vermelha balançava preguiçosamente, insinuando uma atmosfera lúgubre, decadente.
A esposa não poderia ser informada das
circunstâncias em que o marido fora encontrado. Não suportaria o escândalo.
Morreria de desgosto.
Envolvida no lençol encardido, a moça
pálida e esquelética soluçava:
– Não tive culpa, moço. Seu pai morreu dum
gosto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário